Testo di 'A Dona da Dor' di Filosofia De Rua

Quando eu nasci, se é que nasci, alguém chorou muito
Não foi de alegria, nem de euforia, e, sim, pelo luto
E desde então, onde tem um coração, tem sido
Por onde passo, sem embaraço, acumulo inimigos

Não sei por que fui criada, se só trago desgosto
E dizer que sou um acaso, é o que mais ouço
Questiono Deus, que talvez menos culpa tenha
Lágrimas de sangue, enquanto o autor do disparo desdenha

Se eu tivesse voz, diariamente, desculpas pediria
A todos que por minha causa mudaram o curso de sua vida
Só gero revolta e sei que sempre será assim
Minha única certeza é que o mundo seria melhor sem mim

Sei que, infelizmente, a perda do ente
É algo deprimente, muda a vida da gente
Não, eu não sabia que faria tanto mal
Disparo irracional que abala o emocional
Destruo sonhos, reais, reais
Coloco um ponto final

Ontem à noite, fiz mais duas vítimas fatais
Uma criança e uma idosa, que descansem em paz
Paz, sentimento que destruo em pedaços
Impossível ter paz por onde eu passo

Uma vez uma mãe disse algo que me abalou
Que meu nome deveria ser: Dona da Dor
E um pai, em prantos, disse
que em qualquer lugar do mundo
Eu podia ser relacionada a tudo

Que lembrasse decepção, indignação, revolta
E o que pensa a respeito, na real, pouco importa
Só queria que sua tristeza não fosse por minha causa
Sei que pra mim nunca haverá uma salva de palmas

Sei que, infelizmente, a perda do ente
É algo deprimente, muda a vida da gente
Não, eu não sabia que faria tanto mal
Disparo irracional que abala o emocional
Destruo sonhos, reais, reais
Coloco um ponto final

E mesmo que eu coloque fim
em quem muito mal fez
Heroína, justiceira, status que jamais terei
Perdão, se vale a pena pedir, não sei
Se existe Deus, que ele conforte vocês

Que pela minha existência, perderam a razão de viver
Prefiro crê que aconteceu o que tinha que acontecer
Vida que segue, recomece de onde parou
A alegria vem pela manhã, um pastor falou

E pelo mundo todo pude perceber
Que a dor é a mesma assim como o sofrer
É igual, independente da cor da pele
Sou aquela que interrompe e sem misericórdia interfere

Sei que, infelizmente, a perda do ente
É algo deprimente, muda a vida da gente
Não, eu não sabia que faria tanto mal
Disparo irracional que abala o emocional
Destruo sonhos, reais, reais
Coloco um ponto final