Força num canto
Que é luta e lamento
De um corpo de carne
E unguento
De leite pro filho sonhar
Terra que bate o tambor
Da batalha
E a mão calejada trabalha
São povos trazidos do mar
Luta que é fruto de vida e beleza
Que é pra por um fim à tristeza
Que é para voltar a cantar
Quebra, rebela e queima a senzala
Expõe a ferida que cala
Que a hora é de se revoltar
Negra, do ventre que traz o futuro
Da luta e do sangue no muro
Da ânsia de se libertar
Dandara, guerreira mulher de Palmares
Um grito que corre os ares
Que brota a semente no chão
O coco, o maracatu, capoeira
O samba que bate e semeia
O espelho na face do irmão
Matando a mentira
A verdade perdura
Fazendo mais forte
A cultura
Que é canto em forma de oração
Ouço Zumbi, Ganga-zumba
Benguela
Quelé, roda a saia tão bela
E os orixás vem cantar!
Mana, resiste que
A coisa tá foda
E um punho no ar incomoda
Faz a casa-grande tombar
É
O trovão de Iansã que insinua
O quilombo que nasce na rua
Armado de pedra e marfim
É
Essa chama que cresce no peito
Que propaga tão belo o preceito
Que faz o preconceito ter fim
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