Testo di 'Paradoxo' di Sergio Anil

Nem todo abraço é abrigo
Nem todo abrigo é família
Nem todo adultério é tentação
Nem toda tentação é armadilha

Nem toda festa é disfarce
Nem todo disfarce é trauma
Nem todo cansaço é velhice
Nem toda velhice é calma

Nem toda beleza é juventude
Nem toda juventude é audaz
Nem toda distancia é saudade
Nem toda saudade é fugaz

Nem toda AIDS é solidão
Nem toda solidão é deserto
Nem todo ensino é livro
Nem todo livro é aberto

Nem toda atração é paixão
Nem toda paixão é aventura
Nem toda, toda adoção é alívio
Nem todo alívio é cura

Nem toda derrota é queda
Nem toda queda é embriaguez
Nem toda ausência é silêncio
Nem todo silêncio é timidez

Nem todo erro é ignorância
Nem toda ignorância é fatal
Nem toda idolatria é pecado
Nem todo pecado é carnaval

Nem toda pobreza é violência
Nem toda violência é ficção
Nem todo êxtase é sucesso
Nem todo sucesso é escravidão

Nem todo verbo é criação
Nem toda criação é inspiração
Nem todo beijo é afeto
Nem todo afeto é compreensão

Nem todo discurso é mensagem
Nem toda mensagem é luz
Nem toda covardia é aborto
Nem todo aborto é cruz

Nem todo irmão é amigo
Nem todo amigo é fiel
Nem todo adeus é morte
Nem toda morte é cruel

Nem todo atalho é nudez
Nem toda nudez é injúria
Nem todo prazer é sexo
Nem todo sexo é luxúria

Nem toda reflexão é filosofia
Nem toda filosofia é vã
Nem toda forca é bênção
Nem toda bênção é manha

Nem toda mãe é acalanto
Nem todo acalanto é lembrança
Nem toda virgindade é pureza
Nem toda pureza é criança

Nem todo diploma é inteligência
Nem toda inteligência é benefício
Nem todo impulso é abismo
Nem todo abismo é vício

Nem toda fama é arte
Nem toda arte é imortal
Nem toda dúvida é adolescente
Nem todo adolescente é radical

Nem todo trabalho é orgulho
Nem todo orgulho é exibição
Nem todo agradecimento é rotina
Nem toda rotina é alienação

Nem toda emoção é lágrima
Nem toda lágrima é sinceridade
Nem toda fuga é suicídio
Nem todo suicídio é vaidade

Nem toda fraqueza é doença
Nem toda doença é luta
Nem tudo que canto é verdade
Nem toda verdade é absoluta