Testo di 'Filhos da Repressão' di MC Mestiço

Desafiaram o meu peito a própria morte
Meus filhos deste solo assolado, minha prole sofre
Minha história é golpe atrás de golpe
Eu vi a esperança e o futuro na mira de um revolver

De um jeito nada gentil arrancados do meu seio
Meus filhos colocadas pra dormir em berço esplêndido
Eu gritei os jornais, as manchetes tinham medo
Eu fui pra rua, me ameaçaram em segredo

Fui pro campo, mas naquela lida ninguém lia
Contei dos meus filho pra eles, ninguém sabia
Era uma casa desgraçada questionar ninguém podia
Que liberdade era aquela que me oprimia?

Fui protestar, ai 5 veio me calar
Eu tentei lutar, mas vieram me torturar
Procurei meus filhos nas noticias, não estavam lá
Sobre um milagre fizeram todos acreditar

Eu sem fôlego de tanta porrada levada
Gritava socorro pra uma gente que ali marchava
Se diziam da família, eu acreditava
Mas ao invés de me ajudar, aquela gente me julgava

A multidão ouvia em silêncio meus gritos
Eu via gente de alta patente me perseguindo
Homens de uniformes vieram, levaram meus filhos
Homens armados, não sei se meus filhos tão vivos

Colagem: Só queria embalar meu filho

Repressão fez minhas lágrimas virarem notas
Vi vários pássaros cantarem o exílio da gaiola
Os anos de chumbo encantaram patriotas
Mas no pau de arara a melodia era melancólica

Meu futuro e minha esperança numa cova
Depois de tanta sova, como eu vou me levantar de volta?
Injustiça só me fez lembrar revolta
A dor da tristeza embargou toda minha memória

Se não for eu, quem vai contar essa história?
Os assassinos dos meus filhos ainda contam vitória
O nosso sofrimento nunca choca
O poder das armas escreveu a sangue nossa trajetória

Amarguei o gosto triste dessas balas
Vivendo aos pedaços por essas quebradas
Depois de tanta chuva, a gente deságua
Depois de todo samba na avenida, chega a quarta

De tanto grito, as vozes desfaleceram
Com nosso sofrimento, alguns enriqueceram
Esse triste fim meus filhos não mereceram
Infelizmente o amanhã meus herdeiros não conheceram

Minha cria maltratada, meu povo no escuro
Por uma ordem estúpida, por um progresso burro
Eu sou o Brasil de luto
Assassinaram minhas crianças, a esperança e o futuro

Colagem: Só queria embalar meu filho